O fim

Pensei que tudo isso fosse ainda reflexo da grande perda. Procurava entender todas as tuas reações, mas já estava ficando difícil ver tantas mudanças em tão curto espaço de tempo. Numa determinada ocasião, após um ríspido dialogo e imbuída de uma ética humana muito acentuada disse que era melhor terminarmos o namoro. “Como é que é!?, Terminar?, Mas, porquê? O que foi que fiz? Disse? Aprontei? ” Relutei para acreditar no que estava ouvindo. Você pedia para pôr um ponto final em nossa vida a dois. Elencou seus motivos, tentou me convencer de que era a melhor coisa a ser feita. Eu estava disposto a lutar até a última réstia de esperança e não tombei ante a primeira demanda. Insisti, apelei, fui fazendo tudo o que qualquer amante faria para manter sua amada. Até concordei com a ideia de tempo (algo antes inimaginável em minha história de vida, mas para provar que estava disposto a qualquer sacrifício para ficar junto a você e, se bem me lembro, havia dito que não daria tempo a ninguém). Mas foi inútil. Você estava determinada, decidida. Ou tudo, ou nada. Você não me dava opção, já me trazia a solução. A minha mente se perguntava “o que fazer? E agora?”. Estava ficando sem argumentos, sendo “vencido” pela força da vontade juvenil e decidida. Num insight resolvi propor que ficássemos afastados por um ano no qual você poderia fazer o que quisesse liberdade total e irrestrita. Eu não diria nada até a data de uma ano. Estaria livre até para outros relacionamentos. Você parou por alguns segundos, pensou e eu pensei comigo que havia conseguido uma trégua momentânea o suficiente para novamente tentar dissuadi-la desta ideia terrível. Ledo engano. Você já tinha a decisão que não era passível de discussão ou de provimento de provas ou ainda de qualquer procrastinação. Era uma decisão madura e consciente de suas conseqüências ― a principio e durante todo o desenrolar de nosso dialogo era assim que parecia. Você enfim retornou e me disse que não era certo o que eu propunha nem para você, nem para mim. Não era falta de sentimento, só que naquele momento você não queria mais. Depus a guarda. Percebi que qualquer coisa que fizesse a mais, ou dissesse não seria suficiente. Você estava disposta, pronta, decidida, como poucas vezes havia visto. Aceitei sua decisão. Não era compartilhada, era só sua. Achei que talvez no outro dia, pudesse querer voltar atrás, e eu aceitaria como se nada tivesse acontecido. Mas algo me dizia que não seria bem assim.
Demonstrei um certo desconforto, raiva, sentimento de nulidade, de incapacidade, revolta por não conseguir dissuadi-la de seu intento. Pela primeira vez me senti injustiçado por você. Todos os planos que eu fiz ― Eh! Foi só eu que fiz, você apenas os ouviu e compartilhou da ideia, mas pouco sonhou comigo. 
Era chegada a hora de ir embora e de não mais voltar. Você me propôs sermos amigos ―, mas veja a minha posição naquele momento, como ser amigo do ser que você mais ama nesse mundo? De inicio te lembrei que eu não era amigo de nenhum ex-relacionamento meu. Depois te disse que naquele momento eu não conseguiria ser só amigo, mas que iria tentar superar tudo isso e aí sim, tentaria ser seu amigo. Mais uma vez, você me fazendo repensar minhas atitudes. Já estava no portão, nos momentos finais de nossa conversa. Você pedia desculpas por tudo. Eu não conseguia entender o porquê. Era uma confusão danada. Dei um abraço de despedida, tentei não ir. Mas precisava. Era o fim. Estava só, vazio.

J.J.M.C.

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