Juazeiro do Norte, 11 de dezembro de 2013

Ao navegar na internet, me deparei com este texto brilhante, e resolvi compartilhar:

Quem me estuprou.

Hoje fui estuprada. Subiram em cima de mim, invadiram meu corpo e eu não pude fazer nada. Você não vai querer saber dos detalhes. Eu não quero lembrar dos detalhes. Ele parecia estar gostando e foi até o fim. Não precisou apontar uma arma para a minha cabeça. Eu já estava apavorada. Não precisou me esfolar ou esmurrar. A violência me atingiu por dentro.

calcinha, em frangalhos no chão, só não ficou mais arrasada do que eu. Depois que ele terminou e foi embora, fiquei alguns minutos com a cara no chão, tentando me lembrar do rosto do agressor. Eu não sei o seu nome, não sei o que faz da vida. Mas eu sei quem me estuprou.

Quem me estuprou foi a pessoa que disse que quando uma mulher diz “não”, na verdade, está querendo dizer “sim”. Não porque esse sujeito, só por dizer isso, seja um estuprador em potencial. Não. Mas porque é esse tipo de pessoa que valida e reforça a ação do cara que abusou do meu corpo.

Então, quem me estuprou também foi o cara que assoviou para mim na rua. Aquele, que mesmo não me conhecendo, achava que tinha o direito de invadir o meu espaço. Quem me estuprou foi quem achou que, se eu estava sozinha na rua, na balada ou em qualquer outro lugar do planeta, é porque eu estava à disposição.

Quem me estuprou foram aqueles que passaram a acreditar que toda mulher, no fundo no fundo, alimenta a fantasia de ser estuprada. Foram aqueles que aprenderam com os filmes pornô que o sexo dá mais tesão quando é degradante pra mulher. Quando ela está claramente sofrendo e sendo humilhada. Quando é feito à força.

Quem me estuprou foi o cara que disse que alguns estupradores merecem um abraço. Foi o comediante que fez graça com mulheres sendo assediadas no transporte público. Foi todo mundo que riu dessa piada. Foi todo mundo que defendeu o direito de fazer piadas sobre esse momento de puro horror.

Quem me estuprou foram as propagandas que disseram que é ok uma mulher ser agarrada e ter a roupa arrancada sem o consentimento dela. Quem me estuprou foram as propagandas que repetidas vezes insinuaram que mulher é mercadoria. Que pode ser consumida e abusada. Que existe somente para satisfazer o apetite sexual do público-alvo.

Quem me estuprou foi o padre que disse que, se isso aconteceu, foi porque eu consenti. Foi também o padre que disse que um estuprador até pode ser perdoado, mas uma mulher que aborta não. Quem me estuprou foi a igreja, que durante séculos se empenhou a me reduzir, a me submeter, a me calar.

Quem me estuprou foram aquelas pessoas que, mesmo depois do ocorrido, insistem que a culpada sou eu. Que eu pedi para isso acontecer. Que eu estava querendo. Que minha roupa era curta demais. Que eu bebi demais. Que eu sou uma vadia.

Ainda sou capaz de sentir o cheiro nauseante do meu agressor. Está por toda parte. E então eu percebo que, mesmo se esse cara não existisse, mesmo se ele nunca tivesse cruzado o meu caminho, eu não estaria a salvo de ter sido destroçada e de ter tido a vagina arrebentada. Porque não foi só aquele cara que me estuprou. Foi uma cultura inteira.

Esse texto é fictício. Eu não fui estuprada hoje. Mas certamente outras mulheres foram.


Texto de Aline Valek.
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Desculpas

São Luís, 20 de outubro de 2013


Ao tentar explicar o que se sucede, vejo que nem eu mesma sei contar pelo quê estou passando. 
Tento forçar a memória para buscar sentido a isto tudo, mas não me lembro de nada que justifique ou explique. Você não me fez nada, não tenho raiva nem nada do tipo, mas me afastei de uma tal foma que hoje a distância entre nós é tão gigantesca, que sinceramente não sei como agir. 
Quando penso que vou te encontrar, fico animada, digo pra mim que vou te abraçar, conversar e pedir desculpas por ter deixado chegar a este patamar. Mas me congelo, as palavras não saem, meu corpo endurece. 
Você tenta quebrar o clima, manda mensagem, pergunta de mim aos outros, tenta se aproximar. Tudo isso aconteceu por minha causa, admito que toda a culpa é minha. Sei que parecerá clichê, mas não é você, sou eu. Veja que não é só você que foi distanciada da minha vida. Sei que perguntará o motivo desta distância entre um determinado grupo. Não sei, eu definitivamente não sei.
Hoje me indago repetitivamente sobre "quem realmente eu sou". Tento, admito quê com grande fracasso, me descobrir. 
Independente de qualquer coisa, muito obrigada pela amizade, carinho, cuidado, pelas lembranças (por fazer parte significativa de umas melhores partes da minha vida), pelo zelo, enfim por sempre, mesmo no momento de distanciamento, nunca me esquecer. Obrigada!!!!
Pela falta de coragem, D., peço desculpas aqui, tanto pelo sumiço como pela blindagem que hoje carrego.    



M.M.   


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Amiga, te amo

São Luís, 19 de agosto de 2013

Bruninha

Fico vendo suas postagem no facebook, queria saber o que dizer. Queria aproveitar mais tempo com você e mostrar como és especial para mim e pro restante da Turma. Mas as palavras me faltam. 
O medo de não saber como agir e o que falar, me paralisa. 
Atualmente, me sinto como você, sem forças, como se tivesse sozinha, mesmo com pessoas ao redor. Também tenho medo desta fase. Qual direção tomar? É o que sempre me pergunto. Ainda não encontrei a resposta. Acho que, principalmente, por isso não sei o que devo fazer. 
Como posso te animar, motivar e não desistir de você, se aos poucos vou me esquecendo de quem sou.
Quero (mesmo que seja de longe) que pense que sou decidida, e assim encontrei neste alguém vazio, a força pra continuar. 
Não quero compartilhar meus sentimentos por medo de quê afunde mais nesta depressão.
Amiga, rezo por ti, por nós. 
Tenho vários medos, de me perder, de te perder. 
Pensei que estavas melhor, e isso me consolou. Mas vejo o peso das palavras que escreve, e, por isso, tenho raiva da minha falta de ação. 
Faria algum diferença eu aí perto de você? Me perdoaria pelas minhas faltas?
Eu queria que a vida fosse mais florida pra você. Também queria que o tempo voltasse. Lembra que não fazíamos parte da mesma "turminha", quase não nos falávamos. E agora estamos aqui, compartilhando momentos. 
Saiba que você me marcou muito, pela sua força, pelo seu sorriso, pela sua amizade. 
Eu te amo, te respeito e prezo muito a sua amizade.

M.M.

      
 
 
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Levanta a cabeça e corre, guria!

Amiga,

hoje tu me ligou desesperada pra eu fazer algo que tu me pediu domingo pra não fazer.
Te apoio domingo, hoje não.
Creio que não estou te afastando, de forma alguma, de teu amor por esse cara, mas quero te reaproximar de teu amor próprio, esse sim, você está perdendo.
Amiga, o cara falou repetidas vezes que não quer mais... Deixa ele ir!
Vai doer um pouco, mas, como acontece com toda dor, a gente só precisa ser um pouquinho mais forte, depois passa!
Volte para a sua vida, se dedique aos teus estudos, saia com tuas amigas, curta mais os momentos e deixa a solidão apenas para pensar um pouco!
Minha última conversa com ele só me mostrou o quanto eu estou sendo ridícula por tentar por ti algo que só tu e ele podem resolver. E se uma parte não quer, a única coisa que eu posso fazer é estar ao teu lado e dizer: "seja forte!".
Eu sei que ele é importante pra ti, não duvido mais!
Eu sei que estou pondo a nossa amizade em risco por dizer isso, mas acabou!
Hoje de manhã tava pensando em quantas vezes fiquei assim como você, mas eis o ponto chave: a gente só pensa nas maravilhas de nosso namoro quando ele chega ao fim, é masoquismo!
Passamos o relacionamento todo nos queixando, colocando defeito no cara que está com a gente e no fim, não sei se passamos a enxergar ou ficamos cegos, a gente pensa em tudo como se fosse a melhor coisa do mundo estar junto. Se foi, por que não estamos mais?
Entendo bem que você queira esperar, eu também esperaria... Mas, não corre atrás dele... 
Respeita o tempo dele... Porque se for pra vocês ficarem juntos, vocês vão ficar, não tem como fugir do destino. Mas se não for, a gente não pode obrigar peças diferentes se encaixarem!
Dá um tempo, cuida de você... Seu comportamento esses dias não é de alguém que ama!
Você precisa se amar primeiro!

Beijo!
Te amo muito!
___________________________
Essa carta foi enviada a uma amiga há um ano e reflete o que eu faço hoje... Meu namorado terminou comigo e eu senti todo o desespero que ela sentiu nessa época... Reli o meu email pra ela, vi como ela está hoje e percebo que nosso sofrimento tem um fim e nossa felicidade nos espera.
Espero que o email ajude outras pessoas como ajudou minha amiga e como me ajudou agora.
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Quem?!?!

São Luís, 22 de julho de 2013



Oi você




Hoje excluí as primeiras cartas, como forma de jogar meu passado no esquecimento, como algo que nunca aconteceu.

Tenho vergonha das palavras que utilizei, das coisas que fiz, dos meus sonhos, de quem era ou de quem estava me tornando.
Aquelas cartas eram para e sobre você. Um ingênuo sentimento de que você chegaria aqui, de que iria ler as palavras que deixei saí, era o que movia. Como se algo fosse mudar. Que boba eu sou. Nas primeiras cartas, respondi perguntas simples, como: Quem sou eu? O que almejo? Na vã esperança de que você iria ler e me reconhecer. Hoje nem eu mesmo sei quem sou. Antes a resposta estava aqui, prontinha, na ponta da língua. 
Agora, paro e penso ... Nada vem.
Só sei que fui aquela que pensava, vivia e buscava amar e ser amada. Que acreditava fácil nas pessoas e em seus sentimentos. Quem, prontamente, estendia a mão a pessoa que havia lhe magoado. Aquela que esperava, mesmo que fossem inúmeras as voltas dadas pelos ponteiros do relógio. 
A ingênua, a esperançosa ... Sim, eu era aquela idiota!!!



Milla Moraes

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Resposta a carta da Vitória Doretto


São Luís, 2 de janeiro de 2013.

Olá, Vitória!

Não conheço essa série Destino...  Mas tu fez tanto mistério sobre tudo, citou os bagulho tão sem spoiler...kkkkkkkkkkkkkkkk
Vou até procurar!
Minha mono tá parada... Vou retomar ela, por isso tô respondendo a carta aqui em vez de te escrever outra... Escreverei pra ti em breve!
Estou lendo "Qual o seu número", de Karyn Bosnak, livro que ganhei no amigo secreto de Blogueiros.
Eu tava louca pra chover aqui no Maranhão... Deus ouviu minhas preces e o frio chegou. O clima não tava agradável! Tava um frio dos infernos!
Estou, finalmente, assistindo a 4ª temporada de Diários de um vampiro!!! *-*
AMANDOOOO........
Não conheço as séries que você citou, mas queria muito assistir essa Grimm e Game of Thrones.
Uma página não é muito... É coisa de gente preguiçosa! =P
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Sua letra é ótima de entender!
Adorei a carta!
Feliz Natal....
Feliz Ano novo!!!

Beijo!

Sol
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Paixão sem sincronia

Nagoya, 2 de janeiro de 2013 - Japão

Olá Ci...
Quanto tempo não? Sei que são mais de 20 anos desde a última vez que nos vimos e lembro exatamente desse momento. Eu estava voltando da escola e quando estava passando por aquele ponto de ônibus cheio, ouvi alguém perguntar: "Não cumprimenta mais?". Olhei e era a sua irmã mais nova me olhando com uma cara não muito boa, eu falei um "oi" e continuei andando, você estava bem ao lado dela e não abriu a boca pra nada, ficou apenas me olhando.
Atualmente estou no Japão a trabalho e nun dia de descanso, logo de manhã, fui para a varanda do apartamento onde moro e fiquei sentindo o ar fresco, o sol e contemplando um lindo céu azul. Comecei a olhar as telhas das casas e me lembrei da nossa infância ou pré-adolescência se assim posso dizer. Agente se divertia subindo na laje para brincar em cima das casas onde morávamos. Acho que nessa época eu tinha uns 12 anos e você 13.
Lembro o dia em que vocês se mudaram para serem nossos vizinhos, logo percebi que era uma família grande como a minha mas no seu caso as mulheres eram em maior número. A primeira vez que te ví já te achei linda, me desculpe eu nunca ter falado isso antes. Sinto muito por isso, sei que errei, principalmente por agora ter certeza que a minha vida seria bem diferente em relação ao amor.
Fiquei meses apaixonado por você, me sentia diferente quando você estava por perto. Lembra que dançamos na sala da sua casa? Lembro do seu pai chegando também, e um olhar dele e o nosso baile acabou. Não quero dar desculpas, sei que tive tempo para te falar, pelo menos, que gostava de você.
Sei que você não via nada de mais em mim e eu sabia disso, sempre te ví como a menina que era mais velha do que eu e isso já era um impedimento para mim, claro que hoje não penso mais assim e, ainda tinha o fato de você ter uma "cabeça mais adulta". Nem sempre você estava por perto nas brincadeiras com a turma do bairro. Sinceramente eu não tinha desistido de querê-la, mas sem eu perceber a minha paixão por você tinha sumido. Só fui perceber isso quando você começou a se declarar para mim e eu não sentia nada. Me lembro dos dias em que eu voltava da escola e antes que eu entrasse em minha casa, você saía correndo da sua e me dava um abraço, um beijo no rosto, dizia "Oi meu amor!", se despedia e corria para a casa da sua amiga. Sei que você fez isso por alguns dias e hoje eu imagino você olhando para o relógio, me esperando chegar, talvez já acordava pensando em mim. Tudo isso e eu não retribuí em nada.
Imagino o quanto você deve ter ficado decepcionada na época, ter me achado um cara esquisito, frio ou até que eu não gostava de mulher. Não sei o que aconteceu comigo naquela época, não era paixão por outra menina, você foi a primeira que me fez sentir algo diferente no meu coração, realmente não sei o porquê esse sentimento por você sumiu. Hoje eu tenho certeza de uma coisa, eu não soube te amar e nem sabia o que era isso, acho que você também não.
Quando me lembrei de você fiquei imaginando como seria se tivéssemos a paixão em sincronia naqueles dias, será que o namoro duraria? Talvez sim e talvez não.
Ci...sei que nem uma amizade chegamos a ter mas saiba que se um dia nos encontrarmos, vou ficar muito contente porque nunca houve sentimento de desprezo por você. Na época eu era apenas um moleque se divertindo nas ruas do bairro, criança de tudo.
Espero que você tenha encontrado uma pessoa que tenha retribuído a sua paixão e amor por ele.
Felicidades!!!

Yuri
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